Padroeiro Na Capela do Carvalhal, Tondela
23 Janeiro 2022, Domingo da Palavra, Festa em honra de S. Sebastião: Mártir da Fé.
Texto da homília do P. Victor Portugal, Pároco de Tondela, que presidiu à celebração eucarística.
«Há precisamente 22 meses que esta capela foi fechada ao culto devido ao início dum tempo de medo, de incertezas, de confinamento, de pandemia, causado pelo vírus da Covid-19. Mas nenhuma ameaça virulenta pode reter “para sempre” a fé dum povo crente. Esta gente que vive neste lugar do Carvalhal de Tondela é resistente, apesar das dificuldades e restrições impostas por esta calamidade que afetou, e continua ainda a afetar a humanidade, com os seus males para a saúde, para a economia e para a organização das instituições e a vida das famílias. São Sebastião, padroeiro desta capela, é e sempre será o protetor do povo simples desta terra, defensor dos mais débeis e pobres, auxílio dos doentes e dos que vivem sós. Vamos honrar o nosso padroeiro S. Sebastião, Mártir da Fé, devotando-lhe a nossa veneração e gratidão por ser o nosso santo patrono. Quando uma comunidade escolhe um santo para seu patrono, isso significa que aquela figura é modelo de vida e um exemplo para seguir a Cristo. Assim, o patrono é uma referência que inspira a vivência do Evangelho de uma forma mais excelente, sendo também modelo de fidelidade a Jesus Cristo a quem a comunidade deve imitar. Ao mesmo tempo, um padroeiro é assumido pela comunidade, como intercessor junto de Deus, como amigo de Jesus, através do qual se confia aquela comunidade à protecção divina. S. Sebastião, mártir, ensina-nos a seguir Jesus Cristo, na escuta e meditação da Palavra de Deus, e na prática da caridade evangélica. Ele, um jovem soldado, que sempre levou por diante o bom combate da fé, até dar a vida pela defesa da fé em Deus e amor à Igreja, vai continuar a inspirar também os mais novos, as crianças, os adolescentes e os jovens da nossa Paróquia a não desistir de seguir, amar e servir Jesus, e a causa do Evangelho. Os jovens desejam um mundo mais justo, mais belo, mais pacífico, mais fraterno e solidário. E S. Sebastião é um bom exemplo a imitar. Os doentes necessitam da intercessão de S. Sebastião para esperarem a recuperação da saúde, e também para serem firmes e fiéis na fé até ao fim, até à vida eterna. O calendário litúrgico indica que a 20 de janeiro, se assinale a memória litúrgica de São Sebastião. Aquilo que sabemos da vida de São Sebastião, é o que nos transmitem os Atos Apócrifos atribuídos a Santo Ambrósio. Por outro lado, a Tradição também é uma fonte válida desta devoção, pois aquilo que ela nos transmite é um exemplo de fé de alguém que ultrapassou os obstáculos da vida, mostrando que mais forte que tudo é o amor a Deus. O Santo Mártir deverá ter nascido nos inícios do Século III em Narbona, sul de França, tendo depois crescido em Milão. Contudo há também a tese inversa, que o seu pai seria da cidade francesa e Sebastião nascido em Milão. Seja como for, o Mártir na sua juventude muda-se para Roma. Na cidade imperial, entra para o serviço da Guarda Pretoriana, sendo nomeado pelo imperador Diocleciano como Capitão-General. Usando os privilégios que o seu posto lhe proporcionava, São Sebastião visitava os presos e aos cristãos animava para que se mantivessem firmes e fiéis a Jesus Cristo. Passa a ser um defensor da fé cristã e um intercessor dos cristãos perseguidos. As suas qualidades são amplamente elogiadas: figura imponente, prudência, bondade, bravura, era estimado pela nobreza e respeitado por todos. Esta conduta rapidamente cria tensões e o Governador Romano Fabiano denuncia-o ao imperador, que o acusa de traição e condena-o compulsivamente à morte. Foi atado a uma árvore e com flechas tentaram alcançar a sua morte. Abandonado o seu corpo, por ele passou uma jovem, de nome Irene (possivelmente Santa Irene) que verificou que ainda estava vivo. Levou-o para casa e curou-lhe as feridas. São Sebastião, não desiste de defender os cristãos e retorna à presença do imperador, acusando a sua impiedade e injustiça. Diocleciano, condena de novo o Santo à morte, mandando que desta feita fosse chicoteado até à morte e depois atirado à Cloaca Máxima, o lugar mais imundo de Roma. Segundo a Tradição, São Sebastião visitava e animava os cristãos presos. Além disso era visita assídua junto dos leprosos que viviam isolados e abandonados nas periferias das cidades. Por essa razão, é apresentado como santo protetor dos doentes que contraíram doenças contagiosas e infeciosas. Pela sua vida na Guarda Pretoriana, em muitos lugares, há a associação deste santo aos militares. Por último, muitas vezes é também invocado nas causas impossíveis, já que o santo sobreviveu ao primeiro martírio, sendo então socorro para ultrapassar momentos de difícil solução. São Sebastião é, essencialmente, invocado contra a fome, pestes e guerras. Por isso, o invocamos nesta hora, com devoção, para que nos ajude a livrar-nos desta pandemia que ainda nos aflige.